O Supremo Tribunal Federal (STF) retomou nesta 3ª feira (10.jun.25) os depoimentos de réus acusados de planejar um golpe de Estado.
O ex-presidente Jair Bolsonaro foi o sexto a ser interrogado na ação penal que envolve o chamado "núcleo crucial" da trama golpista após a derrota nas extrema direita nas urnas em 2022.
Durante a audiência, Bolsonaro foi questionado pelo ministro Alexandre de Moraes sobre falas que atribuíram crimes a membros do STF.
O ministro confrontou o ex-presidente a respeito de acusações sobre supostos desvios milionários ligados ao processo eleitoral. "Quais eram os indícios que o senhor tinha de que nós estaríamos levando US$ 50 milhões, US$ 30 milhões?", perguntou Moraes.
Diante da pergunta, Bolsonaro afirmou não ter provas e classificou a declaração como um "desabafo".
Segundo ele, a fala ocorreu em uma reunião privada e não tinha intenção de ofender os magistrados. “Não tem indício nenhum, senhor ministro”, disse Bolsonaro, acrescentando que usou uma “retórica”.
Ele ainda pediu desculpas: “Me desculpe, não tinha qualquer intenção de acusar de qualquer desvio de conduta os senhores três".
A declaração faz referência a uma reunião fechada, que acabou sendo registrada por aliados.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) aponta Bolsonaro como figura central na articulação para romper a ordem constitucional.
Segundo a denúncia, ele tinha conhecimento de uma minuta que propunha medidas autoritárias.
Entre elas, a decretação de estado de sítio e a prisão de ministros do STF.
O plano visava reverter o resultado da eleição de 2022 e impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.
O depoimento desta terça é parte da fase final de instrução do processo.
Já foram ouvidos Mauro Cid, Alexandre Ramagem, Almir Garnier, Anderson Torres e Augusto Heleno.
Ainda estão previstos os depoimentos de Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto.
O julgamento final dos réus está previsto para o segundo semestre deste ano.
Se condenados, eles podem enfrentar penas superiores a 30 anos de prisão.
O caso é considerado um dos mais graves da história recente do Supremo Tribunal Federal.